Mais Melita por favor ou Por uma vida com mais Melita

Ele é um rapaz muito obediente: recolhe com cuidado tudo o que lhe dizem. Os colegas, os amigos, a família, a namorada, os vizinhos, os passantes, os estranhos. Recolhe com extremo cuidado e é estranho como não recusa nada do que lhe dizem, não se ofende, não reclama, não nada. Aceita de bom grado as preciosas sugestões, lições de vida, imposições, conselhos, ordens alheias.

Chegando em casa, despeja o conteúdo de sua mochila num enorme filtro escondido no porão. Por lá, vão descendo lentamente todas as preciosas sugestões, lições de vida, imposições, conselhos, ordens alheias. Um tempo depois, verifica o que sobra no fim do filtro. Tão pouco! Mas já é alguma coisa, não? Retira o que resta com o costumeiro cuidado e toma aquilo para si. Aí sim sai para a si.

Ele é um rapaz muito obediente: obedece suas vontade e, principalmente, seus pensamentos. É sagaz, mordaz, sarcástico... Quase cruel. Seu discurso é forte, suas palavras potentes, sua voz marcante, sua caligrafia agressiva. Aceita de bom grado as preciosas palavras, ideias, argumentos, imposições de sua mente.

Chegando em si, despeja o conteúdo do bolso da camisa num enorme filtro escondido no porão. Por lá, vão descendo lentamente palavras, ideias, argumentos, imposições de sua mente. Um tempo depois,  verifica o que sobra no fim do filtro. Tão pouco! Mas já é alguma coisa, não? Retira o que resta com o costumeiro cuidado e toma aquilo para si. Aí sim sai para a vida.

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