20 e poucos anos: L'amour

Falavam ao telefone e ele disse que queria estar apaixonado mesmo, para sentir tudo aquilo. Ela sorriu, sem sentir nada:

- Acho que não sei mais o que é isso.

- Sabe sim, Lô. Como você, logo você não ia saber?

Lô teve que concordar e riu por fora. Por dentro, matutava. Raul matutava também. De onde vinha aquela vontade de ir até o fim do mundo por alguém? Perder a cabeça? Lô nem nada. Vinha aos tropeços, nada dando muito certo, aos soluços.

- E aí, vai sair com aquele cara lá de sempre?

- Nada - disse ela, sem qualquer emoção.

Faltava-lhe emoção. Sempre mais do mesmo. Arroz com feijão. Arroz empapado e feijão de segunda. Resolvera passar fome.

- Assim você some.

- Ah. Me deixa.

Espreguiçou-se com desdém por. Ah. Fez as malas: ia pra praia.

- Você precisa é de banho frio, Raul.

- Mania besta a sua de ver essas novelas antigas.

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