Conversando com o Jornalista [4]: Transparente como vidro fosco

O boi
A ideia secundária era "transparente como um poço de piche", mas matutei sobre duas coisas:

A) Existem poços de piche? (perdoem a minha ignorância)
B) Dariam conta do lirismo que anda me rondando - a despeito do improvável?

O que me dei conta é que não sou transparente como pensava até ontem. Sim, mais uma vez o Jornalista me fez reconsiderar certas coisas. E olha que de repente não é ruim reconsiderar ou mesmo voltar um passo atrás, olhar na direção oposta! Deixar o orgulho de lado - difícil isso. E considerar a possibilidade do erro. E, melhor ainda, celebrar o erro - porque eu não quero estar sempre certa! Aliás, nunca fiquei tão feliz por estar errada.

 Mas sobre todas essas coisas... Choque. Ainda estou digerindo. Um boi inteiro.

Eu acho que, na verdade, ninguém é totalmente transparente... Do mesmo modo como eu já disse que somos todos personagens esféricas, mas por superficial que possamos parecer. Superficial só os espinhos - ou as espinhas. Eu aqui me julgando transparente e escrevendo sobre (e defendendo) o uso das máscaras...

O Jornalista me perguntou se podia haver algo transparente num primeiro momento, mas profundo num segundo olhar. Bom, respondendo à sua pergunta (que não respondi porque fiquei a pensar): sim. Certas águas parecem tranquilas, mas podem se revelar turbulentas. Certas poças d'água podem parecer rasas e esconder mil mistérios. Águas e olhos escuros às vezes fazem isso. Mas, para qualquer mal-entendido entre ser e parecer, há sempre as palavras - que por vezes mais confundem do que esclarecerem. 



Octógono Semiótico

Me vi mais complicada e complexa depois de uma conversa deliciosa com a Pisciana agora à noite. Mas isso não é uma coisa só minha: no fundo, todos somos complexos e complicados - só que às vezes não nos damos conta. Ou não? A arte de especular.


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