Diário: Viagem a Berlim

Copiei o mapa da tela do computador e me lembrei de como gostava de desenhar. E desenhava bem. Tinha que voltar a fazer isso. Conferi os papéis na pasta quinhentas vezes, refiz meu caminho, os cálculos. Tudo certinho. Vesti qualquer coisa. Prendi o cabelo de qualquer jeito. 

Ah sim. Peguei meu livro. Fundamental.

Engraçado como Clarice Lispector já não me dizia tanto quanto antes. Não que não goste mais dela, acho seus textos fantásticos. Mas Ignácio de Loyola Brandão me diz tanto mais do que ela! Conforme vou lendo "O beijo não vem da boca", refaço caminhos, retomo lugares, pessoas, situações. É algo que me toca, toca em feridas, me expõe a tanta coisa nova  - e outras tão antigas quando a origem da Terra. Coisas que já vivi, outras que vou viver. Outras que me contaram, viveram. Outras ainda só imagino. E muitas pelas quais nunca vou passar. Me apresenta um mundo que bem conheço e outro que nunca vi - simultaneamente.

Parece que estou em Berlim com Breno. Acho que o conheço. Quero ir a Berlim e voltar a estudar alemão. Faz mais de ano que me deleito com o já citado livro. Gostava tanto que quase dei meu exemplar a um amigo. Queria dividir, compartilhar. E o leio sem pressa, saboreando cada palavra, momento, cirscunstância, diálogo, referência histórico-cultural, olhando para fora da janela - e para dentro de mim.

Ouvindo Body and soul (Ella Fiztgerald)

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