O Nascimento de Trash Girl

Um dia ela cansou de tanta tristeza e resolveu enlouquecer. Primeiro, raspou a cabeça enquanto seus cabelos gritavam histericamente. Eles ainda estavam vivos e mornos quando ela os recolheu e os colocou na lixeira. Olhou pensativa para ela e para seu conteúdo. Sentia-se um lixo e por algum mau funcionamento cerebral, deixou de encarar as metáforas como metáforas e abraçou a literalidade intensamente – e, com ela, sua nova identidade, pois agora era meio lixo, meio menina.

Descobriu-se uma super-heroína – Trash Girl. Mas quem defenderia? Os fracos e oprimidos? Pois não era ela fraca e oprimida? Ia defender-se então e cuidar do próprio umbigo – agora sem piercing.

Diante de tal revelação do destino – uma super-heroína! – saiu correndo na rua enrolada em sacos plásticos pretos. A família, muito religiosa, chamou um exorcista, pois achou que fosse esse o caso. De nada adiantou e não hesitaram em mandar Trash Girl para um manicômio, pois não tinha solução mesmo. Ela foi, mas não sem antes escandalizar a família ao lascar um beijo no primo que sempre fora apaixonado por ela. E ela sabia. Ela sabia de muitas coisas...

Gostou do modelo da camisa e o branco lhe caía bem. Foi feliz em companhia de seus novos amigos enfermeiros.

Comentários

biel madeira disse…
mas tinha de ser amiga dos enfermeiros??
hehehe!

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