Diário: O passado é portátil - litreralmente

Hoje esbarrei com meu passado dentro de uma bolsa velha, que não usava há muito tempo. Mais especificamente desde. Comprei um presente e essa minha mania ruim de "guardar" moedas e recibos dentro de bolsas e deixá-los lá pela e para a eternidade. Fui limpar uma delas e encontrei um recibo de um tal presente do qual nem me lembrava. Nossa história parece transbordar de nós sobre nossas coisas: quadros, lençóis, cortinas, discos - e pode até mesmo se esconder dentro de bolsas que quase não usamos.

Enfim, é sempre uma sensação estranha essa. E, embora o cheiro de crisantemos tenha me incomodado há algum tempo, hoje já nem ligo mais.

Esse momento de Penélope é novo para mim: já não teço e desteço esperando alguém, mas teço e desteço esperando por mim, ainda que eu me esteja tão perto. Já me encontro em mim, mas parece que me recomeço sempre, saindo e voltando ao rascunho. Os contornos estão cada vez mais definidos: pernas, lábios, olhos e mãos. Pés para o chão. Braços para o sol. Cabelos para o vento. Logo logo saio do papel.

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Música: "Us" (Regina Spektor)
Desejo: Terminar meu relatório
Coisa que se faz necessária: Açúcar
Frase: "O sândalo perfuma o machado que o feriu"

Comentários

biel madeira disse…
aguardo ansiosamente esse momento de revelação e ressurreição larissiana!

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